Cidade maravilhosa
Aos 11 anos retornei a Brasília e fui residir na cidade, Cruzeiro Novo-DF, e foi ali que cresci, solto no meio da rua, brincando de bola, correndo pelas quadras e sempre me divertindo. Nunca gostei muito de morar aqui em Brasília pela falta de opções de lazer, o que temos aqui é boate, barzinho ou churrascos de finais de semana. Sem falar que aqui tenho a sensação de estar em uma cidade solitária e fria, pode ser até pelas dimensões das ruas (eixo monumental, por exemplo) largas e soltas. Porém aos poucos fui me acostumando e , hoje em dia, já consigo viver amistosamente por aqui.
Cruzeiro Novo - DF
Minha formação no ensino fundamental e médio foi toda cursada no colégio CIMAN, localizado no Cruzeiro e na Octogonal. Lembro de um episódio que me marcou muito: em uma prova de geosgrafia foi feita uma pergunta sobre a questão da abolição da escratura com os Quilombo dos Palmares, aí respondi com uma música da banda Natiruts chamada "Palmares 1999". Resultado: acertei a questão. Era uma questão com uma única resposta, mas através da música conseguir responder corretamente. Lembro-me dos meus colegas falando e rindo: - "Esta cara é muito louco, responde com uma música e acerta a questão." Até hoje rio com meus amigos deste acontecimento.
Sempre fui voltado para a área de humanas. Entrei na UNB através do PAS e lá fui cursar Letras-Portugûes. Antes disso, é bom frisar que fiz com uma psicológa um teste de aptidões e o resultado foi mais para área de humanas, mais especificamente a área que envolva linguagem. Na UNB, foi um dos momentos mais gostosos da minha vida, aprendi de tudo e até hoje sinto saudade daquela época. A riqueza dos conhecimentos adquiridos ali foi maravalihoso. Foi na UNB que me apaixonei de vez pela literatura, poesia e língua portuguesa. Lá, aprendir a gostar de: Gabriel García Marquez, Charles Baudelaire, Hegel, Paulo Freire, entre outros pensadores.
Minhocão - UNB
Aos 22 anos idades, entrei no serviço público, vindo trabalhar na Escola de Governo do Distrito Federal para ministrar o curso de "Português na Prática" a servidores do GDF. Foi um desafio enorme e muito enriquecedor e contribuiu muito para meu crescimento. Nunca tinha trabalhado com adultos e aqui na EGOV, aprendi a lidar com este tipo de público. Apliquei muitos conceitos aprendidos na UNB em minhas aulas de português, dando uma aula mais para o lado da linguística do que para o lado da gramática tradicional. Acabei fazendo uma junção destas duas ciências para melhorar a formação linguística dos meus alunos. O resultado foi de extrema importância para minha qualificação profissional, pois o aprendizado foi mútuo (alunos e professor) e muito valioso para mim.
Atualmente, aceitei o desafio de trabalhar na EGOV como Gerente de Logística (Material e Patrimônio), desenvolvendo um trabalho de muita valia para mim e espero com isto evoluir na minha carreira como servidor público e aprender, SEMPRE e SEMPRE, visando fortalecer o GDF.
Agradeço a todos colegas do curso - Formação de Formadores presenciais - e ,em especial, a Profª Olga pela rica contribuição do que aqui foi estudado para a minha formação profissional.
Encerro aqui meu memorial de formação com duas poesias: uma de minha autoria, feita em homenagem ao nascimento do meu filho, e outra de Vinícius de Moraes, um dos meus poemas preferidos.
Ao meu filho Lucas:
SONETO DA CHEGADA
Lá do alto da montanha numa cachoeira
Mamãe d'água me contou
Que dos rios de seus cabelos
Nasceria um grande amor.
Um amor verdadeiro, divino e fortificador
Só agora entendi e compreendi
O que é o amor de um filho
Amor de Deus-Pai Todo Poderoso, o Criador.
Uma sementinha navegou e atravessou
Vales, rios, mares e oceanos
Dentro do ventre de uma flor.
No dia 26 de julho de 2009
Uma odisséia começou
Ali nascia Lucas, o menino-luz, o encantador.
(Rodrigo Leite)
05 de outubro de 2009.
Ausência
Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como uma nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos portos silenciosos
Mas eu te possuirei mais que ninguém porque poderei partir
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como uma nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos portos silenciosos
Mas eu te possuirei mais que ninguém porque poderei partir
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.
Vinícius de Moraes
Rio de Janeiro, 1935